domingo, 4 de abril de 2010

Sobre a tal moda globalizada


Não é segredo que a gente sempre acaba "roubando" tendências da moda internacional. Prova disso é o último Fashion Rio, que parecia mais uma homenagem a Balmain e Balenciaga do que ao Rio. Claro que não é só na moda que isso ocorre. Aspectos da cultura pop mundial (a maioria proveniente do american way of life) são incorporados por qualquer país ocidental (e alguns orientais), principalmente depois da globalização.

A globalização é um fenômeno que se intensificou nos anos 80 e consiste em encurtar as distâncias em termos econômicos, sociais e culturais. Ela generaliza, ao mesmo tempo em que personaliza. É criativa, ao mesmo tempo em que é repetitiva. Com a revolução tecnológica e a Era das Informações, tenho pra mim que essa globalização está se intensificando e, claro, aumentando de velocidade.


O resultado disso pra moda é a tal efemeridade, mas não só ela. Auxiliada pelos meios de comunicação, a globalização cria desejos que - assim como propicia a internet - são cada vez mais individualizados. Esses desejos, porém, são provenientes do que já existe (seja nas passarelas ou nas ruas do mundo afora). Daí essa profusão de tendências, as quais temos total liberdade para desejar (ou não).

Um fenômeno que eu observei nessa temporada foi a simultaneidade de tendências aqui e lá fora. O veludo se mostrou muito presente nos desfiles de moda brasileiros. E surpreendentemente também nos desfiles de moda internacionais, que acontecem depois. Esses desejos globais derivam da quebra de fronteiras geográficas e culturais causada pela globalização.

A pergunta que fica é o que vai ocorrer a partir de agora. A que essa crescente sintonização de desejos vai levar? Será que a personalização extrema vai acabar com as tendências? Ou será que elas ganharão força através dessa sintonização? Vocês respondem.

9 comentários:

  1. Ótimo post, Thaís!
    Eu acredito que, assim como tudo, a globalização tem seus dois lados. Todo esse movimento de unificação, de sintonização mundial tem só a adicionar pra moda quando falamos de referências, porque quanto mais informação interessante nas mãos de um criador mais pluralidade pra moda -- afinal, cada um interpretará de um jeito, dando diferentes faces a uma só tendência. Mas também há a possibilidade de massificar a moda; como você mesma disse no post, o Fashion Rio foi menos moda carioca e mais estampas à la Ghésquiere... com certeza algum conteúdo de moda bom e criativo pode ser disperdiçado para pra seguir o flow do momento.
    E adorei a primeira imagem, do McDonald's árabe. Haha.
    Beijão.

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  2. Uma vez Clodovil disse que essas coincidências já eram muito presentes nos anos 60/70...mesmo na alta costura...havia um desejo (no inconsciente coletivo,talvez?pra quem acredita em Jung...)que se revelava nas formas e cores das roupas de vários estilistas na época...claro que depois de atestado que esse desejo em sua realização era muito festejado,as cópias surgiam aos montes.Ninguém
    quer perder a "boquinha" de vender o que é aceito e desejado.De lá pra cá muito disso se intensificou e em alguns casos ,banalizou,até.Veja as bolsas da Louis Vuitton...um símbolo de status que já virou símbolo de pirataria...triste.

    Mais uma vez,post ótimo,Thaís!Bjs!

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  3. Não sei se acrredito nessas "coincidências"na moda.O desejo coletivo acontece quando a tendência já foi imposta, e aí vira "moda" pois todo mundo quer usar.Mas como que vários estilistas diferentes têm a mesma "vontade"??Tenho lá minhas dúvidas...já fiquei sabendo de várias estórias de espionágem nesse meio, sabia?inclusive de grandes marcas "roubando" idéias de outras...
    bjssssssssssss

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  4. Passando e conhecendo seu espaço!!!


    http://vovosanta.blogspot.com/

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  5. As tendências estão cada vez mais amplas e ando percebendo que as pessoas meio que não ligam mais pras passarelas. A moda está cada vez mais sendo (re)criada nas ruas e espalhada no dia-a-dia.
    Vai chegar uma hora que será o contrário: as pessoas ditam tendências e as pasarelas incorporam nas coleções.
    Sou super a favor disso, acaba sendo uma troca de ideias; 'agora eu depois você'.

    E quanto a sintonia nos quatro cantos do mundo, eu gosto.
    Parece que somos todos irmãos, e dá pra ver como cada um encaixa a moda dentro da sua própria cultura.
    Por outro lado, não quero ver estilistas reciclando ideias de outras grifes. Se cada um tiver sua própria identidade, a moda fica bem mais interessante.

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  6. acho que as tendências nunca vão acabar porque elas são uma necessidade da indústria da moda. Elas ainda são a melhor forma de criar desejos nas pessoas e fazê-las comprar. Elas servem principalmente para o público leigo, que compra uma vogue para saber qual "a cor do verão", etc. O povo da moda sabe que não faz mais muito sentido falar em tendência, mas sim em estilo. As passarelas estão tão diversificadas, tem de tudo e para todos os gostos. Imagina como era nos anos 50, por exemplo, que todo mundo se vestia com saia do mesmo comprimento, com as mesmas silhuetas e caimentos? Só que mesmo sabendo que não existem mais tendências bem definidas, essa ainda é uma das principais pautas do jornalismo de moda, acho que por pura preguiça mesmo de ir mais a fundo. É muito mais fácil fazer uma matéria do tipo "mini-saia está na moda" do que falar de como a moda mudou nos últimos anos. Além disso, as pessoas ainda têm essa necessidade de saber o que devem ou não usar, é uma necessidade criada pelo jornalismo de moda, difícil acabar. Escrevi rápido e embolado, mas espero ter sido um pouquinho clara!

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  7. o brasil teve essa abrupta entrada na globalização mesmo foi na década de 90 né, tiramos pela música (auge do po), internet e até 2a faculdade moda no país. o pior de tudo é que a globalização vai piorar, cada vez mais.

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  8. Acho que vou deixar essa reflexão para quem realmente entende do assunto! Vou acompanhar as respostas por aqui.

    Beijo!

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  9. A globalização tem duas faces, uma boa e outra ruim. É muito complicado isso porque é cada vez maior a ideia de que somos uma coisa. Mas não somos uma coisa só!Eu acho que tanto é legal quando uma marca está disponível e até uma tendência chega por aqui quanto tb é muito bacana quando essa mesma marca continua com características de seu país. Tem tendências que não cabem muito bem com a nossa realidade e, ás vezes, sinto que a indústria da moda não está nem aí para isso e bomba a gente com essas ideias. Só cabe a nós freiar ou não a isso porque tudo termina e começa nas consumidoras!

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