terça-feira, 15 de junho de 2010

SPFW Verão 2011 - Gloria Coelho

Fotos: FFW

No Brasil e no mundo, são poucos os estilistas capazes de unir ciência e arte, vanguarda e elegância, experimentalismo e marketing em meio a uma excepcional destreza técnica. Gloria Coelho está entre este seleto grupo. É bem verdade que a estilista tem realizado trabalhos muito semelhantes nas últimas três temporadas, e a moda está correndo tão rápido que temos a impressão de que todos têm o dever de acompanhá-la com a mesma velocidade. Com Gloria Coelho, isso não ocorre.

Gloria sabe muito bem que a pressa é a inimiga da perfeição e é com seu próprio ritmo que ela produziu um desfile perfeito no último São Paulo Fashion Week. Explorando mais uma vez o futurismo, o desfile contou com uma trilha certeira e todos os outros elementos em perfeita harmonia para que a estilista apresentasse sua coleção. Com o título "sistemas e símbolos", a coleção foi desenvolvida a partir da desconstrução do símbolo da Electrolux (estratégia de marketing que não feriu a liberdade criativa da estilista) e da interessante visão de Gloria Coelho sobre as listras, que vieram texturizadas.

E se a estética atualmente redundante da marca cansa, ela é por um lado importante para a coerência da identidade de marca. E Gloria, é claro, tem crédito suficiente com a mídia e com suas consumidoras para manter a mesma estratégia por algumas temporadas.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Conclusões parciais da temporada

Ainda não chegamos no inverno. Mas, se depender do que a moda brasileira nos propôs há alguns meses atrás, ele seria complexo, cheio de misturas de tecidos variados e tons neutros, principalmente os mais escuros. Quem não se lembra dos vários mix de texturas e da onda rocker (que já estava enjoando no exterior) dos desfiles de moda da temporada passada? A idéia era a de uma mulher independente, de cores fortes e muito atraente (como é, por exemplo, a mulher Balmain).

Após os desfiles Outono/Inverno no Brasil, o que se viu na Europa e em Nova York foi uma nova proposta: a de uma mulher ainda independente, mas minimalista, séria. Uma mulher madura, que ficou marcada pelos tricôs pesados da Prada.

Agora o que vemos no Fashion Rio (que já acabou) e no SPFW fazem com que eu, como consumidora e como comentarista, me confunda. Afinal, ainda não tivemos praticamente a chance de testar o lurex, os tricôs, o veludo e as outras idéias que os desfiles da temporada passada nos deixaram e eis que elas são atropeladas pelas idéias dos desfiles que estão ocorrendo agora.

Graça Ottoni, Filhas de Gaia, British Colony, Maria Bonita e Têca

Fotos: FFW

Quais são essas "novas" idéias, então? Vejo duas vertentes até agora. A primeira é minimalista, mas não um minimalismo sério como o Europeu e sim adaptado a nossa cultura, mais leve (e ainda assim elegante) e preenchido com tons neutros claros - o branco, principalmente. A segunda vertente é a do romantismo, que também é uma alternativa na Europa, principalmente devido à Miu-Miu. Aqui, o romantismo está aparecendo ora sutil, ora estereotipado, com direito a muitas estampas florais e todos os outros elementos românticos. Tons pastéis e uma vontade laranja colorem os looks dessa vertente.

Maria Bonita Extra, Filhas de Gaia, Têca, Maria Bonita Extra e Patachou

Mas o SPFW ainda não está na metade e, até o fim, é possível que surjam novas alternativas ou que seja possível unir essas duas. O certo é que o inverno sério e de texturas complicadas está terminando antes mesmo de seu início.

(Nossa, fiquei muito tempo sem atualizar. Quero agradecer a todos que não abandonaram o Valentino Dress durante esse recesso, que foi totalmente involuntário, mas agora vou voltar a postar freqüentemente. Saudades de todos.)