terça-feira, 27 de abril de 2010

Valentino Fashion Shows - Spring 2004

Dos desfiles da década de 2000 da Valentino, os de Primavera/Verão têm sido os meus favoritos. Me agrada muito a leveza dos tecidos esvoaçantes escolhidos pelo estilista e acho interessantes os atrevimentos que ele insere uma vez ou outra na passarela.

Em 2004, Valentino também trabalhou com as várias mulheres que cada uma possui dentro de si e eu consegui destacar 3 pontos bons no desfile.

Um deles foi a alfaiataria, que me surpreendeu por ter sido apresentada de maneira bem jovem. Como a seriedade já está intrínseca na alfaiataria, Valentino encurtou os comprimentos e inseriu decotes. O truque é muito óbvio, mas graças à excelente técnica do estilista e aos clássicos tons neutros, o resultado foi interessante e classy.

No mesmo desfile, o cenário muda totalmente e as modelos aparecerem com vestidos exageradamente leves (tecido esvoaçante + cores claras + estampa floral ou de borboletas). Nesse ponto eu até achei a cartela de cores meio brega; em compensação ,as estampas estavam bem fofas. Tudo isso pra transmitir um romantismo que serve como disfarce para uma mulher sexy, mas sempre (!) elegante.

O desfile acaba, é claro, com os vestidos longos. Dessa vez, eles são todos ofuscados pela única peça vermelha a aparecer no desfile. Por mais que os vestidos tenham elementos interessantes (o branco da direita tem uma causa linda!), todos viram coadjuvantes de um dos melhores longos vermelhos de Valentino.

P.S.: Que bom que vocês gostaram da idéia da seção nova.
P.S. 2: Thanks a lot a todos que estão participando da minha pesquisa. E quem ainda não respondeu, please responde, é bem rápida.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

A ascensão das redes de fast fashion


Um dos assuntos mais debatidos atualmente é a crescente importância das redes de Fast Fashion na indústria da moda. Com a consolidação do estilo hi-lo, elas ganharam utilidade para a moda enquanto conceito. Antes desprezada pelas líderes de opinião, hoje essas lojas estão praticamente livres do preconceito, embora ainda não possuam o mesmo nível de qualidade e inovação criativa das grandes marcas.

Um dos maiores trunfos atuais das lojas de departamento, além do preço acessível e da grande variedade de peças, é a capacidade que elas possuem de se apropropriar das tendências e colocá-las à venda antes das marcas tradicionais. É possível até mesmo que certas peças muito desejadas sejam encontradas exclusivamente nessas lojas, como a meia-calça de poás e a meia-calça de corações da Renner. Os desfiles de moda internacionais acontecem muito tempo antes do lançamento da coleção comercial. Assim, as lojas de fast fashion (do exterior e, mais recentemente, do Brasil) se aproveitam disso, conseguindo satisfazer os desejos dos consumidores muito antes das grifes.

Infelizmente, no meio desse processo, muitas cópias são feitas, muitos conceitos cuidadosamente pensados são roubados e os consumidores fashionistas se calam diante dessa falta de ética. É preciso distinguir tendências de peças. Tendências são subjetivas, normalmente resgatadas de algum lugar do passado e acessíveis a todos. Peças são fruto direto da criação de alguém e possuem características específicas. Um vestido rosa-chiclete de babados (péssimo exemplo hahaha) não é uma tendência, mas a cor rosa-chiclete ou o elemento "babados" podem ser. Mas não pretendo me alongar nesse assunto polêmico.

Um outro trunfo das redes de fast fashion é a publicidade. Particularmente no Brasil, elas parecem ter acordado e percebido que suas lojas também são marcas de moda e que, por isso, precisam de identidade, coerência, marketing e de publicidade. Elas estão investindo, desse modo, em uma estratégia de aproximação com a própria moda, participando de eventos como o SPFW, patrocinando sites e blogs e realizando parcerias com nomes representativos na moda nacional. Enquanto as grifes geralmente são mais reservadas, as redes de fast fashion buscam a identificação de seu público-alvo, ou a parte dele que é diretamente ligado à moda.

Por fim, o sucesso também se deve a cada vez mais forte valorização do street style. Sabemos que o valor das passarelas é e ainda será muito forte. Entretanto, cada vez mais a importância vem sendo dividida com a moda das ruas, seja lançada pelas celebridades, seja por pessoas comuns. Lojas de departamento sabem se apropriar desse estilo melhor do que qualquer outra marca por tradição, mesmo que esse não seja seu posicionamento.

As redes de fast fashion estão em constante ascensão. Se é oportunidade de momento, ou se isso irá durar, acredito que só o tempo poderá dizer. Mas enquanto a queda não acontece, os consumidores e essas lojas se aproveitam do cenário mais favorável a elas de todas a história da moda.

domingo, 18 de abril de 2010

Pesquisa

Seguinte: eu vou escrever um artigo sobre a publicidade nos blogs de moda. Pra isso, vou precisar de uma ajudinha de vocês. É só responder a essa pequena pesquisa aqui embaixo. Todas as perguntas tem que ser preenchidas, ok?

Muito obrigada desde já!


sexta-feira, 16 de abril de 2010

Valentino Fashion Shows - O Militarismo

A partir de hoje vamos ter uma série especial aqui no blog. Eu sinto falta de falar um pouco mais do Valentino, que - vocês já devem desconfiar - é meu estilista preferido ever. Uma vez por semana vamos conhecer e analisar alguns dos desfiles RTW e Couture do imperador da moda.

Pra começar eu escolhi logo de cara um tema não muito esperado dele: o militarismo, que foi apresentado no prét-à-porter S/S 2003.

Como não podia deixar de ser, a coleção teve looks elegantes, nas cores verde-militar, bege e branco, simbolizando a paz. O militarismo foi explorado de forma sutil. A invés do camuflado, a estampa era de folhas outonais. Looks comportados, mas ao mesmo tempo femininos, com direito a tecidos esvoaçantes e um pouco de brilho.

Mas quem acha que Valentino é só pra mulheres comportadas se engana. A mulher Valentino também é, às vezes, sexy. E pra sobreviver à guerra usa hotpants, mini-mini-mini-saias e até um trench-coat 5 números menor. Esses looks, na minha opinião, fogem um pouco da ideologia de Valentino. Não sei se ela estava tentando um rejuvenescimento naquela época, mas se eu não tivesse lido, juraria que era um desfile de Roberto Cavalli!

No entanto, temos um final feliz! Valentino nos brinda com o que ele faz de melhor: vestidos. Aqui o verde-militar perde sua força para o romantismo das flores e para a feminilidade do clássico vermelho.

Uma coleção, diria eu, atípica de Valentino. E por isso mesmo muito interessante. Seriedade, sensualidade, romantismo ou mesmo a paz são algumas das táticas que a mulher Valentino precisa para vencer as batalhas de seu cotidiano.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Sobre Moda e Arte com Catarina Gushiken

No último sábado eu fui cobrir o Pixel Show pro Caderno 2, programa produzido por alguns alunos da UFRGS pra UNITV (canal 15 da NET). Pois bem, a Catarina Gushiken, que foi durante 8 anos estilista da Cavalera e é ilustradora e designer, estava lá, e eu aproveitei pra conversar um pouquinho com ela.

imagem: site da Catarina Gushiken

Quando você decidiu ser designer? Por que escolheu essa carreira?
Catarina: Eu sempre gostei de ilustração. Eu sempre quis trabalhar com arte, desenho, mas no começo trabalhei como estilista. Por 8 anos trabalhei na Cavalera, coordenando a equipe de estilo e resolvi mudar, porque sempre gostei de arte. Acabei saindo da área de estilo e indo trabalhar como ilustradora, mas meus trabalhos sempre misturam ilustração e moda.

Que importância tem o Pixel Show para o design brasileiro? É a primeira vez que você participa do evento?
Catarina: Eu acho que uma importância muito grande, principalmente nesse momento em que o Brasil está sendo muito visto. Não é a primeira vez que eu venho no evento, já fiz uma outra participação, sou amiga dos meninos da Zupi (organização do evento). A gente faz vários projetos. Inclusive, tenho uma marca, e eles fazem a curadoria dos ilustradores que estampam a minha marca.

Quais são as suas inspirações e o que você quer passar com o seu trabalho?
Catarina: Eu sou neta de japoneses, então eu tenho uma forte influência oriental, mas também sempre gostei muito de anatomia. Então as minhas referências vem muito do universo do orgânico, da fluidez, do ritmo e do movimento. Desse momento de inspiração em coisas de anatomia, que vem essa coisa mais visceral, mais forte. Mas ao mesmo tempo a delicadeza, a suavidade das referências orientais. É uma mistura disso.

Você trabalhou durante anos como estilista. Você acha que a moda pode ser considerada uma forma de arte?
Catarina: Eu acho que todo tipo de expressão artística verdadeira, com estilo, com propriedade pode ser considerada uma expressão artística. Mas em todas as áreas, mesmo na parte de artes pláticas, você tem um momento que é comercial. Então existe o momento de criação, mais conceitual, que é onde você acaba criando uma identidade e existe o momento comercial. A moda permeia por esses dois lados. Existe o momento que é artístico, que é o da concepção, mas a moda também é mercado, venda. E nesse momento já não é mais arte, aí é business. Mas acredito que isso existe em diversas áreas, não só na moda.

A moda te influencia no seu trabalho como ilustradora?
Catarina: Eu acho que esses oito anos que eu trabalhei na Cavalera não tem como não influenciar. Talvez na questão do desenho das roupas, das personagens. Todas as minhas ilustrações acabam tendo um figurino. De uma certa forma acho que essa foi a referência que a moda me trouxe.


Super amei a visão dela sobre essa relação entre arte e moda. E acho que é por aí mesmo, né? Quando a moda envolve criações (não necessariamente de estilistas, pode ser qualquer um de nós) autênticas, que queiram expressar algo de forma mais subjetiva, ela pode sim ser considerada arte. Venho pensando há alguns dias no conceito de arte, mesmo sem realmente ter estudado isso a fundo. Se permitem utilizar o meu senso comum, acho que esse conceito está um pouco confuso hoje em dia. Uma das causas disso, pra mim, é justamente o limite entre o conceitual e o comercial. Embora a gente geralente consiga separar os 2 tipos de expressões, nem sempre isso é possível. Mas, como cada pessoa interpreta a arte como quiser, posso concluir que a arte está nos olhos de quem vê. O que vocês acham?

*Além de sábia e talentosa, Catarina (super íntima hahaha) é muito fofa! E vocês podem conferir a matéria sobre o Pixel Show na quarta-feira (às 14:30, 19:30 e 21:30) na UNITV. Ou a partir de quinta-feira neste canal do Youtube. Também vou postar o link direto no meu twitter quando estiver disponível.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Artigo: Posts pagos: uma reflexão

Blogueiras de moda são, coletiva e individualmente, líderes de opinião. Para a publicidade, isso quer dizer que os blogs de moda são meios que sustentam a o Two-Step Flow (teoria que defende que a comunicação depende de relações interpessoais entre indivíduosos e opiniões preexistentes). As opiniões dessas líderes são, para o consumidor, muitas vezes mais confiáveis do que a opinião emitida pelas mídias tradicionais. Pensando nisso, as empresas de moda estão pagando as blogueiras para falarem de seus produtos. Mas será que essa estratégia é mesmo eficiente?


É preciso levar em conta que os posts pagos são, quase sempre, muito diferenciados dos outros posts de um mesmo blog. Alguns parecem até forçados e acabam provocando um estranhamento por não serem escritos no estilo próprio de cada blogueira.

Por outro lado, freqüentemente há propagandas muito bem diluídas nos posts, o que faz com que pareça que as blogueiras realmente compram, consomem e idolatram determinado produto. Mas essa pode não ser uma verdade absoluta. A blogueira estaria sendo paga, então, para dizer uma "mentira". A solução para resolver esse problema é simplesmente avisar que os tais post são pagos. É uma questão até mesmo de ética, porque a blogueira, em casos extremos, não só estaria "enganando" seu leitor como também recebendo dinheiro para isso.

O processo é semelhante a um merchandising na televisão. Se a linguagem ou produto utilizados forem muito deslocados do contexto, não é conseguido o efeito desejado. Da mesma forma, uma inserção de merchandising (que sempre é sinalizada nos créditos do programa) cuidadosa e estratégica pode render bons frutos aos 3 lados (consumidor, blog e anunciante).

Há outros modos de se realizar esse tipo de publicidade na blogosfera, como os sorteios, por exemplo. Esses são os mais úteis em termos de interesse dos 3 lados: a blogueira, além do dinheiro, ganha mais audiência, o leitor tem a possibilidade de ganhar o produto e o anunciante vê seu produto virar objeto de desejo.

Entretanto, esses meios estão se desgastando. Acredito que não surtem o efeito desejado e podem até causar um efeito contrário, de demanda negativa, devido à saturação no mercado e ao pouco convencimento. A internet é um paraíso para a publicidade. É preciso que se tenha mais criatividade, a fim de criar meios de publicidade tão inovadores e eficientes quanto a própria plataforma.

domingo, 4 de abril de 2010

Sobre a tal moda globalizada


Não é segredo que a gente sempre acaba "roubando" tendências da moda internacional. Prova disso é o último Fashion Rio, que parecia mais uma homenagem a Balmain e Balenciaga do que ao Rio. Claro que não é só na moda que isso ocorre. Aspectos da cultura pop mundial (a maioria proveniente do american way of life) são incorporados por qualquer país ocidental (e alguns orientais), principalmente depois da globalização.

A globalização é um fenômeno que se intensificou nos anos 80 e consiste em encurtar as distâncias em termos econômicos, sociais e culturais. Ela generaliza, ao mesmo tempo em que personaliza. É criativa, ao mesmo tempo em que é repetitiva. Com a revolução tecnológica e a Era das Informações, tenho pra mim que essa globalização está se intensificando e, claro, aumentando de velocidade.


O resultado disso pra moda é a tal efemeridade, mas não só ela. Auxiliada pelos meios de comunicação, a globalização cria desejos que - assim como propicia a internet - são cada vez mais individualizados. Esses desejos, porém, são provenientes do que já existe (seja nas passarelas ou nas ruas do mundo afora). Daí essa profusão de tendências, as quais temos total liberdade para desejar (ou não).

Um fenômeno que eu observei nessa temporada foi a simultaneidade de tendências aqui e lá fora. O veludo se mostrou muito presente nos desfiles de moda brasileiros. E surpreendentemente também nos desfiles de moda internacionais, que acontecem depois. Esses desejos globais derivam da quebra de fronteiras geográficas e culturais causada pela globalização.

A pergunta que fica é o que vai ocorrer a partir de agora. A que essa crescente sintonização de desejos vai levar? Será que a personalização extrema vai acabar com as tendências? Ou será que elas ganharão força através dessa sintonização? Vocês respondem.