sábado, 27 de março de 2010

Artigo: Cópia ou Inspiração?

Ninguém tem dúvidas de que o popular vende. Seja na música, no cinema ou na moda. Neste último campo, o popular é antes uma tendência que, se bem aceita pela opinião pública, pode virar uma fórmula de sucesso. Foi isso que ocorreu com a Balmain. O rock-chic de Decarnin é um fenômeno comparável a Avatar 3D, no cinema ou a Lady Gaga, na música. Diante de tanto sucesso, é inevitável que surjam inúmeras cópias do original (alguém aí ainda aguenta ver tachas??). Cópias que algumas marcas chamam de inspiração. Mas qual é o limite entre a inspiração e a cópia?


Recentemente, uma polêmica discussão ocorreu no blog De Chanel na Laje, sobre a Birkin de moletom feita pela 284. As bolsas da Chanel também foram muito copiadas há pouco tempo, tanto por marcas famosas, com identidades próprias (ou não) quanto por lojas fast-fashion, que pelo menos cobram pouco pelas cópias/inspirações, comparadas a outras lojas por aí.

Essas últimas são as campeãs no quesito cópia/inspiração. Acredito que serão as mais privilegiadas por essa globalização da moda: como as marcas internacionais geralmente apresentam suas coleções muitos meses antes de colocá-las à venda, as redes de fast fashion possuem tempo de sobra para se apropriar das tendências/possíveis hits e até vendê-las antes. Mas esse assunto é tema para outro post.

Acredito que a diferença entre a cópia e inspiração esteja na essência da própria marca. Ora, uma marca que tenha seu próprio, digamos assim, orgulho fashion, não vai apenas copiar um hit da moda e colocar à venda. Ela vai querer fazer uso desse hit, porém com seu toque criativo de forma relevante. O problema é que esse toque criativo é muito subjetivo.

imagem: OQVestir

Muitos acreditam que as cópias existem apenas quando são exatamente iguais às marcas, inclusive seu logotipo. Mas o que há de tão diferente entre a Chanel original e as outras? Adianta utilizar um material diferente (como o moletom) quando a forma do produto é igual à original? Utilizar o nome de uma estilista para dizer que a está homenageando ao apresentar peças parecidas com as dessa estilista é cópia ou inspiração?

Não tenho resposta para nenhuma dessas perguntas. Somente acho que a identidade própria é fundamental para o sucesso de uma marca. Enquanto ela fizer cópias ou inspirações sem nenhuma inovação relevante, sem nada que destaque realmente sua própria identidade criativa, ela vai continuar sendo apenas mais uma marca, seja ela de fast fashion ou não.

13 comentários:

  1. As influências costumam ser assumidas, elas normalmente são utilizadas conscientemente para criar uma outra forma de expressão. Alias, vivemos na época da referenciação, ninguém é 100% criativo, temos acesso a muitas coisas. Na moda, tudo que se refere a silhuetas e caimentos já foi inventado, a inovação agora está mais ligada a conceitos e exploração de novos tecidos.
    Já a cópia é algo bem descarado mesmo, não tem o objetivo de inovar, de fazer a diferença, mas, às vezes, é feito para provocar a graça, é o chamado pastiche.
    Ninguém falou melhor sobre isso do que a Erika Palomino nesse texto aqui: http://ffw.com.br/ffwblog/pensata-da-palo-2/
    Achei super conciso e esclarecedor.
    Beijos!

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  2. Claro, inovação 100% não existe mesmo, nem tem como. A moda evolui a partir do que já foi feito.

    Mas neste caso estou falando de uma marca se aproveitar do sucesso de outra para conseguir ter sucesso também, por exemplo adicionando tachas em seus produtos só porque estão na moda. A questão é mesmo a cópia, que muitos chamam de inspiração porque soa muito melhor.

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  3. Acho que essa discussão cópia/inspiração é tão longa quanto analisarmos o quanto o céu é azul... rs. Porque realmente, hoje em dia é impossível não olhar pro que já é pra criação do que será.
    No que toca a essa Birkin aí, não tem nem como dizer que não é cópia. Já vai pelo nome da coleção: I'm Not The Original. Ou seja, a 284 não está criando nada de novo aí... não acredito que seja o caso de adicionar humor, e sim apenas criar um modelo que possa ser usado por "mortais" com um tecido que andou tão em alta (e ainda anda com a tendência esporte chic. a propósito, não duvido nada que façam um acessório de neoprene daqui a pouco... hahaha...). Então nem há muito o que falar.
    Só acredito que o post da Chanel Na Laje foi meio grosseiro. Todos tem o direito de expor sua opinião, mas boa educação sempre.
    Beijos!

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  4. na moda hoje, podemos dizer que tudo é uma cópia do passado, ou melhor, uma releitura.

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  5. Nesse último Fashion Rio eu comecei a fazer as relações das cópias que estavam escancaras nas passarelas, mas percebi que eram TANTAS que abandonei a ideia.
    Parece que as marcas nem ligam mais pra personalidade e só querem vender e vender.

    Realmente não vejo problemas em colocar na coleção itens que estão em alta - afinal não adianta ir contra a corrente, tendência é tendência - mas copiar e falar que foi inspiração é de desistir da humanidade mesmo.
    Ou, como diria um amigo meu, de cair o cu da bunda. rs

    Será que algum dia eles vão se tocar do papel ridículo que estão fazendo achando que nós, consumidores, nem percebemos a 'fajuta'?

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  6. E, claro, inspiração e releitura é uma coisa BEM diferente de plágio. Ninguém aqui nasceu ontem pra levar gato por lebre. Espero.

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  7. Seus posts são sempre ótimos,Thaís,você levanta questões muito interessantes...Li todos os comentários e concordei com todos,principalmente o primeiro.
    Bjs!

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  8. Também acredito que inovações são importantes quando se está "homenageando" um clássico. Senão vira simples cópia!

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  9. Esse post é para gerar uma enorme discussão :) gosto disso. Eu penso que seja impossível eu me inspirar em algum produto que já esteja pronto, não existe essa de "vou fazer uma bolsa inspiradada em uma bolsa da Chanel" O.o inspiração é o que vemos nas grandes passarelas e com grandes estilistas que passam por um processo de pesquisa enorme para assim realizar uma coleção, um produto inspirado em algo, em algum tema e principalemente, que tenha um conceito. O que essas marcas, seja ela uma 284 ou a uma C&A fazem são simplesmente cópias, mas é uma cópia com a identidade delas, e não uma cópia do tipo Louis Vuitton e suas bolsinhas de camelô. E vamos ser sinceras, eu posso falar que acho isso super injusto, que é absurdo fazerem cópias, mas o mercado de moda, de massa mesmo precisa disso, indústrias precisam dissso, pq é o que vende, e quem não pode comprar uma Chanel com toda as suas brilhantes qualidades vai amar ter uma cópia, mesmo que daqui a dois meses sua alcinha se desfaça :)
    Mas eu concordo plenamente quando você diz que as marcas precisam ter um identidade própria, principalmente quando você está querendo entrar para o mundo da moda :)

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  10. também concordo que as marcas precisam de um id propria.. tá cada vez mais dificil encontrar isso

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  11. a bolsa de moleton totalmente cópia da Birkin é muito queima-marca. o pessoal da "criação" tem que ter noção disso. alguma pessoas podem até gostar, mas a 284 ficou queimada, certeza!
    legal eles terem usado um material bem diferente, mesmo assim o design poderia ter u toque que indetifique mais a marca

    beeijo ;*

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  12. Olá!
    Muito interessante esse post. Confesso que, desde o polêmico post sobre a bolsa de moletom, eu também fiquei com vontade de escrever um texto sobre isso, mas acabei deixando para lá.
    Bom, eu vejo que há uma linha bem marcada - e às vezes aparentemente nem tanto - entre o que é cópia e o que é inspiração.
    Ninguém vai ser louco de negar que, desde que a moda é moda, estilistas inspiram outros estilistas, peças são recriadas, relançadas, modelitos são tirados lá do fundo do baú e reaparecem com algumas modificaçoes. Isso é normal, e ocorre não somente na esfera da moda, como esfera artística em geral (música, literatura, artes plásticas, etc.).
    E, desde que a moda é moda, cópias descaradas (e inclusive falsificaçoes) rolam soltas, né?
    Algo que exemplifica muito bem a diferença entre cópia e inspiração é essa bolsa de moletom da 284. Em primeiro lugar, eles usaram o nome "birkin" para vender a bolsa (no próprio blog deles, vc pode ler "birkin de moletom"). A bolsa é uma peça da linha "I'm not the original" (alusão descarada ao ato de falsificar/copiar). Para completar, a Hermès tem a patente do modelo Birkin, e pode processar qualquer empresa que fabrique bolsas com o mesmo modelo, características e dimensoes registradas. Cereja no bolo? A Daslu é "parceira" da Hermès, coisa que ainda piora o quadro e reforça o caráter oportunista do "negócio".
    A diferença entre a 284 e qualquer outra cadeia de "fast fashion" de verdade, como a Zara, por exemplo, que vendeu horrores uma bolsa que nada mais era que uma cópia da 2.55, é que a Zara não se segurou no nome "2.55" para vender nem fez alusão alguma à Chanel. Eu não sei se a Chanel tem a patente do modelo 2.55, mas deve ter, sim. No caso de que a Chanel realmente tivesse a patente sobre o modelo, eles poderiam ter tirado as bolsas de circulação das Zaras, por exemplo. Só que nós sabemos que, para as grandes marcas, o dano sofrido por culpa dos chineses (por exemplo) que fazem réplicas quase perfeitas dos modelos de bolsas, e com uma qualidade incrível, chegando a falsificar inclusive notas fiscais "que provam a autenticidade do produto" é beeeeem maior que o dano causado por uma bolsa de napa vagabunda vendida por 40 doletas de uma Zara da vida. Então, eles focam a perseguição mais por esse lado. Afinal, se uma americana (ou japonesa ou indiana, por exemplo) decide gastar 500 dólares numa bolsa falsificada em vez de gastar 2000 na original, isso, sim, se traduz em dano para eles, né?
    Bom, espero não ter fugido muito do tema.
    Beijos!

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  13. gostei muito do seu post, concordo com tudo e amei essa ultima frase: "a identidade própria é fundamental para o sucesso de uma marca" da pra pensar bastante e è algo q todos (não sò as marcas)precisamos ter "identidade pròpria"

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