sábado, 26 de março de 2011
domingo, 26 de setembro de 2010
A Virada Cultural de Porto Alegre
Porto Alegre está ganhando uma Virada Cultural de consistência. Realizada em comemoração aos 20 anos da Casa de Cultura Mario Quintana, os inúmeros espaços da casa abrigaram diversas atrações simultâneas, que envolviam teatro, dança, música, cinema, literatura, artes plásticas, fotografia.
Estive lá na sexta-feira, das 20 horas às 03 horas da madrugada de sábado. A quantidade de pessoas me surpreendeu. Atraídos pela festa Balonê, que teve início às 02 horas, muitos jovens chegaram mais cedo e aproveitaram as atrações da Virada Cultural. A preferência foi pelas atrações mais populares, como grupos de samba e peças de teatro humorístico, mas as exposições, o clube do livro de Shakeaspeare e o monólogo inspirado em Álvaro de Campos, por exemplo, também contaram com bom público. No sábado, a Virada Cultural ofereceu também atrações voltadas para o público infantil, ótimo incentivo para que as crianças se familiazirem com a cultura e a arte desde pequenas.
Já estava na hora de Porto Alegre ter sua própria Virada Cultural. A cidade, que sedia a maior feira do livro da América Latina e possui diversos centros culturais e museus (como o MARGS, o Iberê Camargo, a própria Casa de Cultura Mario Quintana e o Santander Cultural), precisa da Virada Cultural como um meio de incentivo e de aproximação do público com a cultura.
A cobertura da imprensa poderia ter sido melhor, mas em se tratando de um evento praticamente novo em Porto Alegre, é compreensível. Agora, espera-se que a Virada Cultural da Casa de Cultura Mario Quintana seja anual e vire tradição, atraindo cada vez mais público e interesse de patrocinadores, artistas e imprensa. No seu aniversário de 20 anos, a Casa de Cultura Mario Quintana é quem dá um presente a Porto Alegre.
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Moda e Sociedade nos Anos 50
Estou novamente apaixonada pelos anos 50. Talvez seja pela coleção Fall/Winter 2011 da Louis Vuitton, que anda aparecendo mais leve em alguns desfiles de NY, como o da Karen Walker, por exemplo.
Na verdade, a feminilidade dessa década sempre me encantou, com as saias rodadas e tudo o mais. Mas isso não me impede de ver que a década de 50 estava longe de ser perfeita, visto que as mulheres possuíam direitos bem diferentes que os dos homens e tinham o dever de cuidar da casa e dos filhos, não tinham sua própria profissão. E esse não era o único problema da sociedade da época. Tendo como exemplo a sociedade americana, podemos citar a discriminação racial como um dos problemas mais graves.
Mas foi nesse mesmo país que as coisas começaram a mudar, principalmente através dos jovens, que começaram a sentir a necessidade de questionar o sistema social vigente.
Essa história continua na década de 60, em outro post. Mas deixo pra vocês uma reportagem que eu fiz pro programa Caderno 2 (da UNITV, uma emissora aqui de Porto Alegre) sobre a moda e a sociedade dos anos 50.
Na verdade, a feminilidade dessa década sempre me encantou, com as saias rodadas e tudo o mais. Mas isso não me impede de ver que a década de 50 estava longe de ser perfeita, visto que as mulheres possuíam direitos bem diferentes que os dos homens e tinham o dever de cuidar da casa e dos filhos, não tinham sua própria profissão. E esse não era o único problema da sociedade da época. Tendo como exemplo a sociedade americana, podemos citar a discriminação racial como um dos problemas mais graves.
Mas foi nesse mesmo país que as coisas começaram a mudar, principalmente através dos jovens, que começaram a sentir a necessidade de questionar o sistema social vigente.
Essa história continua na década de 60, em outro post. Mas deixo pra vocês uma reportagem que eu fiz pro programa Caderno 2 (da UNITV, uma emissora aqui de Porto Alegre) sobre a moda e a sociedade dos anos 50.
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Artigo: As semanas de moda e os festivais de cinema
Estive em Gramado na última semana para cobrir o Festival de Cinema e não pude deixar de notar algumas comparações entre os festivais de cinema e as semanas de moda.
O fato que me chamou mais atenção é que festivais de cinema também lançam tendências. Ou pelo menos o Festival de Gramado lança. Se na SPFW, por exemplo, vimos roupas leves, cores claras e muito floral, Gramado mostrou filmes com cenas longas e poucos diálogos. Em vez do minimalismo ou do militarismo, que são tendências recentes no mundo da moda, o festival de Gramado deu destaque a temas como o espiritismo e os diferentes países da América Latina.
Pensando em cada filme individualmente e em seus diretores também dá para notar fatos interessantes. Nesse ano, por exemplo, o diretor revelação foi Jeferson De, que a gente pode comparar com Lucas Nascimento ou Melk Z-Da. Os grandes cineastas como Syvio Back e Geraldo Sarno surpreenderam, assim como Hussein Chalayan em sua fase minimalista. E tivemos também filmes que emocionaram imensamente o público e a crítica, como Mi Vida con Carlos, de German Berger, que podemos comparar (respeitando-se as proporções) com a Neon, por exemplo.
Ao contrário do que muitos pensam, há muitas semelhanças entre a crítica de cinema e a crítica de moda. Ambas avaliam o objeto não apenas no seu conjunto de características (como trilha sonora, iluminação, enredo, etc.) como também na sua relação com o contexto social. Isso sem falar no que esses dois tipos de evento tem em comum quanto à organização, turismo, economia, marketing, etc.
Mas, ao meu ver, as semanas de moda poderiam aprender muito com os festivais de cinema. Está certo que moda e cinema são duas coisas muito diferentes. O cinema traz reflexão, subjetividade, emoção, estranhamento, através de diferentes linguagens. A moda é, a princípio, só a moda. Apesar da grande qualidade e talento dos estilistas, são poucos os desfiles que conseguem o algo-a-mais e a profundidade que o cinema alcança. Não quero desmerecer a moda, ainda acho que os desfiles, em conjunto, são um ótimo panorama do que acontece no mundo, mas eu precisava fazer essa ressalva para prosseguir.
O que a moda precisa aprender com o cinema é que, se ela quer ser levada mais a sério, precisa dar mais espaço para o autoral. Precisamos investir em estilistas de talento que tenham algo para acrescentar, que não tenham como pensamento principal o dinheiro (isso é muito importante para a moda, eu sei), mas que procurem desenvolver seu talento sem medo e sem limitações. Também acho que é preciso investir mais nas semanas como conjunto, é preciso que os desfiles dialoguem entre si, construindo assim uma visão crítica da moda do momento. Uma boa maneira de se fazer isso é através de debates, coisa que o festival de cinema de Gramado realiza e que nos faz pensar, através de diferentes pontos-de-vista, não só nos filmes em si, mas também no mundo.
Infelizmente, o objetivo principal da moda é e sempre será ganhar dinheiro. Talvez seja preciso uma semana de moda alternativa para que mudanças ocorram, talvez ninguém tenha interesse em investir em um evento desse tipo quando se fala de moda. Mas se a moda brasileira deseja crescer, ela precisa parar de copiar as fórmulas de Paris, NY ou Milão e precisa olhar para outras alternativas, outras inspirações, que talvez venham de dentro do próprio país.
O fato que me chamou mais atenção é que festivais de cinema também lançam tendências. Ou pelo menos o Festival de Gramado lança. Se na SPFW, por exemplo, vimos roupas leves, cores claras e muito floral, Gramado mostrou filmes com cenas longas e poucos diálogos. Em vez do minimalismo ou do militarismo, que são tendências recentes no mundo da moda, o festival de Gramado deu destaque a temas como o espiritismo e os diferentes países da América Latina.
Pensando em cada filme individualmente e em seus diretores também dá para notar fatos interessantes. Nesse ano, por exemplo, o diretor revelação foi Jeferson De, que a gente pode comparar com Lucas Nascimento ou Melk Z-Da. Os grandes cineastas como Syvio Back e Geraldo Sarno surpreenderam, assim como Hussein Chalayan em sua fase minimalista. E tivemos também filmes que emocionaram imensamente o público e a crítica, como Mi Vida con Carlos, de German Berger, que podemos comparar (respeitando-se as proporções) com a Neon, por exemplo.
Ao contrário do que muitos pensam, há muitas semelhanças entre a crítica de cinema e a crítica de moda. Ambas avaliam o objeto não apenas no seu conjunto de características (como trilha sonora, iluminação, enredo, etc.) como também na sua relação com o contexto social. Isso sem falar no que esses dois tipos de evento tem em comum quanto à organização, turismo, economia, marketing, etc.
Mas, ao meu ver, as semanas de moda poderiam aprender muito com os festivais de cinema. Está certo que moda e cinema são duas coisas muito diferentes. O cinema traz reflexão, subjetividade, emoção, estranhamento, através de diferentes linguagens. A moda é, a princípio, só a moda. Apesar da grande qualidade e talento dos estilistas, são poucos os desfiles que conseguem o algo-a-mais e a profundidade que o cinema alcança. Não quero desmerecer a moda, ainda acho que os desfiles, em conjunto, são um ótimo panorama do que acontece no mundo, mas eu precisava fazer essa ressalva para prosseguir.
O que a moda precisa aprender com o cinema é que, se ela quer ser levada mais a sério, precisa dar mais espaço para o autoral. Precisamos investir em estilistas de talento que tenham algo para acrescentar, que não tenham como pensamento principal o dinheiro (isso é muito importante para a moda, eu sei), mas que procurem desenvolver seu talento sem medo e sem limitações. Também acho que é preciso investir mais nas semanas como conjunto, é preciso que os desfiles dialoguem entre si, construindo assim uma visão crítica da moda do momento. Uma boa maneira de se fazer isso é através de debates, coisa que o festival de cinema de Gramado realiza e que nos faz pensar, através de diferentes pontos-de-vista, não só nos filmes em si, mas também no mundo.
Infelizmente, o objetivo principal da moda é e sempre será ganhar dinheiro. Talvez seja preciso uma semana de moda alternativa para que mudanças ocorram, talvez ninguém tenha interesse em investir em um evento desse tipo quando se fala de moda. Mas se a moda brasileira deseja crescer, ela precisa parar de copiar as fórmulas de Paris, NY ou Milão e precisa olhar para outras alternativas, outras inspirações, que talvez venham de dentro do próprio país.
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
OFF: 2001 - Uma Odisséia no Espaço
(Antes de mais nada, quero deixar claro que as afirmações emitidas aqui são apenas minhas opiniões. Me dou o direito de usar superlativos para descrever algumas características desse filme. Asseguro que o uso deles é necessário.)
Quem me conhece sabe que eu acho o filme "2001: Uma Odisséia no Espaço (vou chamar de 2001 para ficar mais fácil) a obra artística mais genial de todos os tempos. Esta é uma obra que transcende a perfeição. Recomendo a todos (principalmente a quem se interessa por cinema), porque é uma experiência única, inigualável. Primeiramente, eu preciso ressaltar a data de lançamento de 2001: foi em 1968, um ano emblemático. Além disso, também preciso lembrá-los que 2001 tem como diretor ninguém menos que Stanley Kubrick, responsável por clássicos como Dr. Fantástico e Laranja Mecânica. Porém, nenhuma outra obra de Kubrick e - atrevo-me a dizer - de qualquer outro autor conseguiu alcançar a genialidade de 2001.
Devo alertar também que nem todo mundo possui a mesma opinião que eu a respeito desse filme. Para alguns ele é horrível. Quando se trata de 2001, a nota é 8 ou 80 (quer dizer, 8 ou 1000). A maioria das opiniões negativas se dá devido ao ritmo do filme: cenas muito longas, pouquíssimos diálogos e quase nenhuma explicação. Meu conselho é que esse filme deve ser visto em um dia de paciência e de muita concentração.
O filme é praticamente dividido em 3 partes. Começa antes do surgimento do homem, mais precisamente tendo uma espécie de primata como protagonista. Após o misterioso aparecimento de um monolito negro, mudanças significativas ocorrem, e somos levados, através de uma belíssima transição, para o futuro. Um futuro onde o homem possui gigantescas naves espaciais e começa a explorar outros planetas e corpos celestes. Neste contexto, algo é achado na Lua - uma suposta prova de que existe vida fora da Terra. A partir daí, eu não vou contar mais nada e a terceira parte fica como surpresa.
Essa sinopse aparentemente simples e meio sem sentido não é nada perto do filme em si. Apesar de ser um filme de ficção científica, 2001 apresenta inúmeros questionamentos, desde o surgimento e a evolução do homem, passando pelo relacionamento entre homem e máquina até chegar na questão metafísica do papel do homem no mundo, entre outros. Os questionamentos, porém, ficam em aberto, cabendo ao espectador atribuir suas próprias interpretações. Porém, algumas interpretações já discutidas são dadas como as mais prováveis. Recomendo que quem não tenha entendido o filme (e isso é muito provável) procure algumas interpretações na internet. Tudo isso é apresentado, no filme, com uma estética quase minimalista.
Entretanto, embora minimalista, a estética de 2001 provoca um forte estranhamento (principalmente em amantes das imagens, como eu). Para mim, a principal responsável por esse estranhamento, que às vezes chega a amedrontar, é a trilha sonora. Desde confusas vozes até o belíssimo Danúbio Azul, a trilha sonora encaixa perfeitamente com as imagens e com o enredo de 2001. É preciso citar ainda a fotografia e a direção de arte, que juntas pelas mãos do genial Stanley Kubrick provocam algumas das cenas mais belas do cinema.
Além de tudo isso, 2001 não possui uma estética datada. Mesmo fazendo uso do retrofuturismo dos anos 60 e através de efeitos especiais ganhadores do Oscar (em uma época em que não se fazia uso de computadores para isso), 2001 continua atual. Talvez isso se deva mais aos questionamentos propostos pelo filme, que sempre estarão presentes dentro de nós. Talvez 2001 seja genial porque faz vir à tona questionamentos que todos nós possuímos (mas nem sempre pensamos a respeito) de uma forma aparentemente fria. 2001 é um filme extremamente humano, mas ao mesmo tempo não é. Àqueles que souberem apreciar toda a grandiosidade desta obra no seu devido ritmo, repito que a experiência será única. Assim é 2001: Uma Odisséia no Espaço. Difícil de explicar, mas incontestavelmente genial.
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Valentino Couture Fall 2010
A Valentino sempre foi feminina. Além disso, ela estava com uma identidade madura demais nos últimos anos. Desde que Valentino deixou a direção criativa na marca, a Valentino está rejuvenescendo sua identidade, apostando no girlie. Acontece que o girlie é o hit do momento. Sim, o romantismo está em alta entre os jovens, e bem na hora que a Valentino mais precisava. Infelizmente, ela não está sendo muito lembrada (a marca símbolo do girlie e hit do momento é a Miu Miu), mas é justo lembrar aqui o trabalho que Maria Grazia Chiuri and Pier Paolo Piccioli estão fazendo.
Nessa coleção Altacostura Fall 2010 isso fica bem claro, com o girlie no ponto máximo. Algumas formas coincidiram com as da Miu Miu, mas a identidade da Valentino está lá, presente no lindo mini vestido vermelho, nos detalhes como os babados e na elegância.
terça-feira, 15 de junho de 2010
SPFW Verão 2011 - Gloria Coelho
No Brasil e no mundo, são poucos os estilistas capazes de unir ciência e arte, vanguarda e elegância, experimentalismo e marketing em meio a uma excepcional destreza técnica. Gloria Coelho está entre este seleto grupo. É bem verdade que a estilista tem realizado trabalhos muito semelhantes nas últimas três temporadas, e a moda está correndo tão rápido que temos a impressão de que todos têm o dever de acompanhá-la com a mesma velocidade. Com Gloria Coelho, isso não ocorre.
Gloria sabe muito bem que a pressa é a inimiga da perfeição e é com seu próprio ritmo que ela produziu um desfile perfeito no último São Paulo Fashion Week. Explorando mais uma vez o futurismo, o desfile contou com uma trilha certeira e todos os outros elementos em perfeita harmonia para que a estilista apresentasse sua coleção. Com o título "sistemas e símbolos", a coleção foi desenvolvida a partir da desconstrução do símbolo da Electrolux (estratégia de marketing que não feriu a liberdade criativa da estilista) e da interessante visão de Gloria Coelho sobre as listras, que vieram texturizadas.
E se a estética atualmente redundante da marca cansa, ela é por um lado importante para a coerência da identidade de marca. E Gloria, é claro, tem crédito suficiente com a mídia e com suas consumidoras para manter a mesma estratégia por algumas temporadas.
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